domingo, 21 de junho de 2015

Nota da FTA sobre a situação da Izidora, a escalada repressiva do governo Pimentel e as mentiras da mídia. Um chamado de solidariedade, não ao Despejo!


A Frente Terra e Autonomia vem a público demonstrar seu repúdio absoluto às práticas brutais e antidemocráticas do governo do PT (Partido dos Trabalhadores), através do governador Fernando Pimentel, contra as moradoras e moradores das ocupações da Izidora - Rosa Leão, Vitória e Esperança, em todo o processo de "negociação", na repressão do dia 19 de junho e na ameaça de um massacre a ser realizado.

CONTEXTUALIZAÇÃO: A QUESTÃO DA IZIDORA, AS PROMESSAS DE GOVERNO, A MESA DE NEGOCIAÇÃO E OS PODERES ECONÔMICO E ESTATAL

O então candidato a governador do estado Fernando Pimentel selou aliança com os movimentos sociais a partir da garantia da existência de espaços democráticos de negociação visando amenizar o drama do déficit habitacional em Minas Gerais sob a égide do lema “despejo zero”. No entanto, o agora eleito governador Fernando Pimentel, ainda que tendo instituído uma mesa de negociação entre os movimentos sociais, os moradores de ocupação, os empresários e o próprio governo tem se mostrado não um homem público preocupado com os direitos das cidadãs e cidadãos e principalmente as pessoas mais empobrecidas pelo capitalismo mas mais um facínora defensor daqueles que defendem o lucro e não a vida.
O governo estadual, de modo unilateral, elege as Ocupações Rosa Leão, Vitória e Esperança como o primeiro tema a ser “debatido e resolvido” na “mesa de negociação”. No entanto, as “Ocupações da Izidora” são, talvez, o conflito urbano de mais complexa resolução que temos hoje em Minas Gerais, quiçá no Brasil. Portanto, exigiria um tempo mais longo e maior sensibilidade no trato da questão.

Massacre anunciado nas Ocupações da Izidora
A FTA entende o Estado como sendo o traço formal e legalista das forças econômicas do capitalismo. O atual governo mineiro em menos de um ano de mandato foi capaz de corroborar nossa tese ao ser o condutor e representante das propostas da empreiteira interessada na utilização do terreno. Cabe lembrar que um número ínfimo de unidades habitacionais serão destinados a famílias com renda de 0 a 3 salários mínimos e que o lucro total da empreiteira Direcional é de 15 bilhões de reais. Os movimentos sociais participantes sempre se dispuseram ao diálogo e à negociação apresentando inclusive contrapropostas que viabilizassem a permanência das famílias ocupantes em concomitância com a execução dos projetos da empreiteira Direcional.

No entanto, o governo de Minas Gerais, como fiel porta-voz do poderio econômico, não só negou todas as propostas apresentadas pelos movimentos sociais mas, também agiu de forma desrespeitosa. Mentiu e buscou causar confusão no seio da sociedade ao acusar os movimentos sociais de intransigentes e incapazes de negociação. O absurdo é tamanho que de modo absolutamente desrespeitoso tentou manipular os moradores das ocupações para que se opusessem aos movimentos sociais acusando-os de dificultar o acesso à moradia legalizada.

Historicamente, todas as vezes que os governantes se vêem ameaçados pelo povo organizado em luta, mesas de debate e negociação tem sido a grande arma para nos fazer crer que avançamos em conquistas. Em contrapartida nos pedem parcimônia nas ações. No conflito em questão, indicou-se a suspensão de novas ocupações. À todo pedido é necessário uma compensação de igual envergadura. Ora, a saída elaborada pelo povo à cruz do aluguel são as ocupações dos terrenos ociosos. A contrapartida ante a proposta apresentada – que sugere a suspensão de novas ocupações – não pode ser menor que uma proposta efetiva de moradia digna e imediata ao povo empobrecido.

Crianças das ocupações da Izidora: ter uma moradia digna é direito básico!
No entanto, as soluções apresentadas são completamente inaceitáveis. Citamos como exemplo a não abrangência da habitação de todas as atuais pessoas moradoras e a metragem de 39 m² das habitações a serem disponibilizadas. Ambas as propostas são absurdas. As propostas apresentadas pelos movimentos sociais foram todas deslegitimadas! Entendemos que, em verdade, muito antes de serem grandes conquistas dos movimentos sociais, tais mesas não são mais que armadilhas que tocam o ego de muitos e servem somente para amainar as lutas do povo.Ainda que não tenhamos participado de quaisquer negociações com qualquer tipo de governo - dado que são todos ilegítimos a partir da leitura ideológica que nos ampara - reconhecemos a luta dos demais movimentos que se envolvem na luta por moradia digna e ainda apostam neste caminho.

De forma antidemocrática o governo Fernando Pimentel não só suspendeu as negociações em relação às ocupações da Izidora como anunciou o despejo de todas as famílias que lá estão em busca de sua moradia e dignidade. O anúncio é ainda mais grave pois, indica a ligação profunda entre o partido que se pretendia ser dos trabalhadores e hoje não passa de mais um organismo de fomento do capitalismo e defesa dos múltiplos elementos de opressão a que somos submetidos em nome do lucro.Ante à interrupção das negociações – que, de fato, nunca existiram! – mas também do anúncio do despejo de todas as comunidades a única saída das pessoas moradoras foi retomar nossa origem e nossa verdadeira luta, ou seja, as ruas!

O ATO DO DIA 19, A REPRESSÃO CRIMINOSA DO GOVERNO DO PT A MAIS DE 2000 PESSOAS E A MÍDIA MENTIROSA E PERVERSA

No dia 19/06/2015, mais de 2000 mulheres, crianças e homens que saíram em marcha absolutamente pacífica na luta por suas dignidades e moradias foram reprimidos duramente pela policia militar. A grande mídia é um antro pútrido. Muito antes de buscar algum fundamento da verdade se apoiam em serviços demagógicos de defesa dos opressores e poderosos, políticos e econômicos.

Repressão do Pimentel-PT a milhares de famílias da Izidora: a semelhança com Beto Richa é mera coincidência?

O anúncio da queima de ônibus que era realizado pelas pessoas em sua justa revolta, após a dura repressão policial, deveria vir acompanhada da noticia das duas crianças com idade inferior a dois anos feridas por balas de borracha e que ainda não temos notícia do paradeiro; do idoso ferido por projétil letal; pelo menor que jogava bola no campinho ao lado e foi preso pelos policiais sem ter tido qualquer envolvimento com o acontecido.Devia narrar as duas mulheres grávidas que foram presas e agredidas – uma delas com chute na barriga – e da ausência de alimentação ou água.Das pessoas presas que receberam cusparadas dos policiais em suas faces, dos xingamentos machistas auferidos por policiais em relações às mulheres. Da revista feita por policias homens a mulheres detidas, assim como o acompanhamento ao banheiro destes mesmos policiais homens às mulheres detidas.Teriam citado também a interdição do acesso dos advogados aos detidos, ainda que isso seja uma prerrogativa sagrada da advocacia no país. Abordariam o crime de negação da prestação de socorro ao companheiro presente na Assembléia Legislativa de Minas Gerais que ficou mais de doze horas com um profundo corte na mão e não sendo socorrido assim como o indicado pelo serviço de enfermagem daquela casa, agora corre o risco de ter seus movimentos limitados. 

A acusação de que os manifestantes levaram crianças para a manifestação para utiliza-las como escudo de proteção é uma nojenta e absurda declaração! Não há mãe ou pai que queira entregar seu filho à imolação. Levar crianças para a manifestação é fruto da necessidade das famílias em se expor publicamente e a impossibilidade de fazê-lo sem as crianças dado a ausência de locais que delas cuidem. É um ato de coragem e de desespero!

Assim, anunciar que transformamos nossas crianças em escudos é uma afirmação descabida e fruto de uma racionalidade fria e calculista assim como é frio e calculista aquele que sabendo da presença de crianças de várias idades não se furta de agredi-las com bombas e tiros. A Polícia Militar é a verdadeira culpada. Ela sim utiliza das crianças e do desespero alheio como armas para desestabilizar uma caminhada pautada em todos os fundamentos da Constituição Brasileira. Ela não é a defensora da Lei ela é a defensora dos poderosos.

Abusos, ilegalidades e crimes foram cometidos o tempo inteiro por PMs e demais agentes da repressão.
Não acreditamos que a Polícia Militar seja despreparada. As atitudes desmedidas e as agressões infringidas são fruto de uma polícia preparada para fazer exatamente oque ela faz, e ela faz uma guerra aos pobres. Vê nos pobres o problema e a pobreza como incapacidade do individuo e, portanto, característica natural da sociedade. O que nos separa não é técnico, é ideológico.Deste modo, se a policia é o braço armado do Estado em defesa do Capital, a mídia é sua boca. Ancorado na ilusão da narrativa neutra dos fatos, em verdade, divulga os fatos a partir do ponto de vista da burguesia e do governo.

Consideramos que a tentativa da disputa da grande mídia na esperança de que possam transmitir as informações também com nossa visão e assim ser uma arena de batalha das múltiplas posturas e visões ante o conflituoso mundo social é uma mera ilusão. A grande mídia é mais um instrumento da burguesia em sua tarefa de pacificação dos pobres e de sua adequação as condições indignas a que somos submetidos. Serve também para que entendamos que nossos exploradores estão certos e que a guerra deve ser feita entre nós. A grande mídia é um elemento fratricida e, portanto, a consideramos inimiga! Entendemos o valor das redes sociais no serviço de contra informação e vemos a ação dos midiativistas como essencial às lutas populares hoje.

UM CHAMADO DE SOLIDARIEDADE: RESISTE IZIDORA!


Conclamamos a todas as pessoas que tenham conhecimentos nessa área a atuarem como construtores e divulgadores de informações que reflitam a justeza de nossa luta e a semente do mundo novo que estamos erigindo. Este novo mundo que já nasce é fruto da solidariedade e da ação de todas e todos nós! Conclamamos uma grande somatória de forças para que evitemos o despejo e continuemos na construção do sonho da liberdade!


Divulguem em todos os lugares por onde passarem, vistam as camisas, divulguem nas redes sociais, politize sua casa, seu trabalho, sua escola. Vá para as comunidades e engrosse o batalhão de vigilantes e resistentes. Isso é PODER POPULAR!!!!

A FTA reitera seu apoio e sua presença na luta com as forças que temos, com as armas que ergueremos!Por fim, gostaríamos de alertar que o Governo do PT através do governador Fernando Pimentel, será responsável não somente pelo despejo de milhares de famílias.


Este governo será responsável por um banho de sangue!!! Pois nós escolhemos o caminho do diálogo, mas ele quer ser o senhor da guerra! 

NÓS NÃO ABAIXAREMOS A CABEÇA! 
NÓS NÃO ACEITAREMOS O DESPEJO! 
NÓS GUERREAREMOS!
COM LUTA, COM GARRA, A CASA SAI NA MARRA!!!!

União popular, organização de base e ação-direta para resistir ao despejo e conquistar a moradia!

Belo Horizonte, 21 de junho de 2015

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