A FTA compartilha a apresentação e o manifesto fundacional da iniciativa que está construindo junto a outros coletivos e movimentos que se chama Bloco Autônomo Nós Por Nós. Se liga:
Apresentação do Bloco Autônomo Nós por Nós
No fim de maio de 2016, indivíduos, estudantes, movimentos, organizações populares e outros coletivos começaram a se reunir em Belo Horizonte com a ideia de consolidar uma unidade em torno de opiniões em comum que pudesse realizar, coletiva e ampliadamente, ações práticas para atuar nesse contexto adverso pelo qual passa o país.
O consenso geral dessas pessoas e movimentos é de que é necessário e urgente união e atuação coletiva contra os retrocessos e ataques que esse novo governo Temer tem realizado e está por realizar, mas que ao mesmo tempo não estávamos dispostas e dispostos a nos situarmos no campo (pró)petista que pede a volta da Dilma como uma opção para combater esses retrocessos.
Com o rápido amadurecimento das ideias, opiniões e das propostas de ação, essa coletividade decide criar no início de junho o Bloco Autônomo Nós por Nós, que já surge puxando a campanha “Nenhum governo é opção: Pelos nossos direitos, criar Poder Popular!”, que delimita seu posicionamento nas lutas conjunturais de curto prazo e o orienta para outras lutas e iniciativas de médio-longo prazo.
Essa campanha que o Bloco começa a construir vem desse entendimento comum de que para combater os ajustes fiscais, as medidas de austeridade e os cortes nos direitos, seja no governo Temer, no governo Dilma ou em qualquer governo, o caminho pelo qual optamos é o de fazer a luta “nós por nós”, pela base, com independência e autonomia diante dos governos e dos partidos. Nas ocupações dos prédios públicos, das escolas, nas marchas, manifestações, nas greves, assembleias populares… enfim, no que chamamos de criar Poder Popular. Para o Bloco, o nome “nós por nós” caracteriza muito bem o que pensamos como via de luta: a nossa organização popular e independente é que pode falar e conquistar por nós. Como diz o canto: façamos nós com nossas mãos, tudo que a nós nos diz respeito!
O Bloco tem, dessa forma, cinco objetivos básicos:
- Dar visibilidade, impulsionar, fortalecer e buscar conectar movimentos, iniciativas e outras atividades que se construam pela perspectiva autogestionária, autônoma, de democracia-direta e horizontal.
- Realizar debates, conversas e outras mobilizações para além das marchas nos espaços onde tem inserção e em outros espaços que haja possibilidade;
- Confeccionar materiais, faixas, panfletos, cartazes, camisas etc. fazendo estar presente nossa opinião e nossa força nas ruas;
- Puxar manifestações sobre pontos específicos de cortes, ajustes ou outras medidas do(s) governo(s), apontando na prática a nossa campanha de que nenhum governo é opção, mas sim a luta;
- Estar presente em forma de bloco nas mobilizações não só resistência ao governo Temer mas em outras que sejam resistência aos retrocessos, cortes nos direitos e outras medidas de austeridade.
E se organiza em quatro comissões permanentes para distribuir as tarefas que o fazem funcionar: materiais, propaganda, finanças e mobilização.
Por fim, para participar do bloco, basta que o movimento ou a a pessoa concorde com sua opinião e seu funcionamento, apresente-se em uma reunião, o bloco avalia sua participação e, uma vez já participando, tem voz e voto na próxima reunião.
O bloco é aberto à participação de movimentos, coletivos, grupos e todas e todos que entendem que é com o poder popular que conseguimos resistir aos ataques dos governos e avançar em nossas pautas e em nossa própria organização popular!
Manifesto Nós por Nós
Desde o início do ano passado, assistimos a uma imensa campanha midiática contra a “corrupção” que tornou o clima propicio para o Golpe institucional que ocorreu há um pouco menos de um mês com o impedimento do governo do Partido dos Trabalhadores. Uma coisa que esta grande campanha de (des)informação evidenciou é que a corrupção está em TODOS os partidos do espectro político. Todos eles estão trabalhando pelo benefício próprio e não pela melhoria da sociedade.
A cruzada “anti-corrupção” que a grande mídia e o judiciário estão orquestrando não parece ter fim. Isso por um motivo simples: a corrupção é a coluna vertebral do sistema político e econômico que serve aos interesses da elite que domina o país desde a época colonial. O recente Golpe desmascarou a nossa chamada “democracia” tornando claro que o sufrágio universal podia ser remanejado “institucionalmente” no momento em que ele fosse contrariar os desejos desta mesma elite.
Diante disso, quais opções a polarização encenada pela mídia nós oferece? Por um lado: a velha elite latifundiária, orgulhosa herdeira do coronélismo, ansiosa para controlar sozinha o poder e dar um passo adiante no seu projeto neoliberal, esmagando os direitos mais básicos dxs trabalhadorxs. Por outro lado, uma suposta “esquerda” que não hesitou em se aliar com aquela mesma velha elite e seu projeto liberal, todos esses anos, para se manter no poder.
Uma quadrilha sai do poder. Outra entra, e o povo continua soterrado debaixo do seu cotidiano penoso, terceirizado, explorado, sufocado debaixo da lama e dos dejetos tóxicos da indústria que enriquece uma minoria às custas do suor e sangue da maioria. Apesar disso tudo, a população sobrevive e segue lutando. E quando apesar da pressão e repressão cotidiana, ela se organiza para conseguir o mínimo que o Estado não lhe fornece, ele se mostra mais digna e mais apta para cuidar de suas próprias necessidades.
Em todo país, centenas de escolas são ocupadas nas quais xs estudantes se mostram mais madurxs e aptxs que seus governos para pensar a educação e até para cuidar de espaços públicos. Em Belo Horizonte, nos dez últimos anos, a população organizada, através do movimento de ocupações urbanas, construiu e organizou dezenas de vilas, produzindo mais moradias para população mais pobre da cidade que os governantes em todo período. Em todas as capitais, sedes do Ministério da Cultura são ocupadas e passam a oferecer uma programação mais dinâmica, rica e politizada que quando elas recebiam dinheiro, apoio e aval do Estado.
Na situação atual, distintas possibilidades de saídas da crise se apresentam: manter ou reconduzir ao poder aqueles mesmos velhos partidos que criaram essa conjuntura de desigualdades e perda de direitos, ou se juntar às iniciativas populares que – desde já – lutam e tentam construir, de forma independente e auto-organizada, uma outra sociedade.
Estamos com as e os que lutam!
E você? Bora somar com a gente?
Assinam:
CineClube Libertário UFMG
COMPA – Coletivo Mineiro Popular Anarquista
A Barricada – Fanfarra Libertária
FTA – Frente Terra e Autonomia
GEAS – Grupo de Estudos Anarquistas Sobre Segurança Digital
Mídia Pirata
MPL-BH – Movimento Passe Livre Belo Horizonte
e Indivíduos
Nenhum comentário:
Postar um comentário