sexta-feira, 6 de março de 2015

Crise da água: a culpa é nossa?

Texto publicado no PAPO-RETO! #4, março de 2015.

Com essa crise da água não tem como a gente ficar tranquilo, ainda mais porque existe o perigo de faltar água em casa por dias. A COPASA, o governo e a mídia estão tentando jogar a culpa nas costas do povo trabalhador, falando dos nossos banhos, de quando vamos escovar os dentes ou mesmo lavar a louça. Além de jogar a culpa no povo, ainda elaboram planos de racionamento, aumento da conta e criação de multas para o povo, despejando sobre a gente a responsabilidade de "economizar" a água de modo forçado.

Enquanto tentam jogar essa culpa nas nossas costas, eles não falam nada das mineradoras, do agronegócio, da indústria e da destruição da natureza nos locais que esses negócios estão presentes, os verdadeiros culpados dessa crise hídrica.

Estamos sofrendo com a ação de mineradoras, que atacam a natureza, poluem e gastam milhões de litros de água nos minerodutos*. Isso interfere diretamente nos lençóis freáticos e na mudança drástica do clima das cidades. Enquanto isso, 60% do desperdício da água é só do agronegócio, que utiliza 70% da água tratada do Brasil, sendo 22% utilizada pela indústria e apenas 8% pelo consumo domiciliar.

Ou seja, quando o governo fala em 'desperdício' da população, além de não falar do agronegócio, ele fala num consumo muito pequeno que é o residencial; quando o governo impõe um racionamento de água ao povo trabalhador, ele simplesmente ignora os outros 98% de água que são utilizadas à vontade pelo agronegócio e pela indústria.

Desmatam nossas florestas, acabam com as áreas verdes das cidades, secam os lençóis freáticos e as nascentes dos rios, poluem os rios e ainda deixam 90% da água tratada para o agronegócio, a indústria, a mineração, e não para o povo: desse jeito não tem ninguém que aguente.

Não podemos cair nessas mentiras! O problema aqui não é o banho de 20 ou de 5 minutos: é a ganância, o lucro, a desigualdade: o problema se chama capitalismo. No capitalismo, não há respeito à natureza e ao povo trabalhador.




* Correção (06/03/2015, 14:25): na publicação original, publicamos como gasoduto, quando na verdade são minerodutos.

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